domingo, 21 de dezembro de 2014

#15 O mundo da animação



Desde de miúda que sempre fui fascinada por bonecos. Fossem ilustrações, desenhos animados, mascotes, marionetas ou fantoches, todos os seres que ganhavam vida de uma forma mágica encantavam-me! Lembro-me de a minha mãe mimar personagens com os pés e de eu simplesmente rebolar de alegria! Esta animação com seres/objectos ou realidades inesperadas ganharem vida sempre me causou cócegas no ânimo, a ponto de ainda hoje ser fascinada por mascotes e afins.

Ora há pouco tempo atrás, tive a oportunidade de conhecer de perto esta arte da animação através de uma grande amiga minha, a Dina, que para além de cabeleireira, bailarina e performer, incorpora várias personagens, seja em mascote, fantoches, ou apenas com a vestimenta, a Dina é menina do 1000 ofícios: eléctrica por natureza, com uma energia que transborda para tudo e todos que a rodeiam!

Quando ela me emprestou a cabeça da bonequinha Mel, uma produção das Festas da Pipa, fiquei fascinada com a destreza que é precisa para estar dentro de um fato daqueles. Fiquei também enternecida, pela reacção das pessoas às mascotes, a maioria está desperta e disponível para levar um abraço de um ser animado, cheio de carinho no coração!

Vendo a minha vontade de experimentar trabalhar com crianças e vestir personagens para brincar com elas, a Dina desafiou-me para hoje ir trabalhar num evento de Natal, como bonequinha de neve!





Obrigada Dina! És uma inspiração! Venham mais destes trabalhos!






sábado, 13 de dezembro de 2014

#14 Pedir desejos e fazer origamis



Pedir desejos. Pode parecer uma ciência simples aos olhos de muitos, mas na verdade, quem é que realmente se atreve a pedir um desejo com veemência? Quem é que arrisca visualizar o seu sonho, com contornos específicos, detalhes bem pronunciados e pormenores descritos?

É que isto de ter sonhos tem um segredo. É preciso materializá-los, nem que seja no papel, para não serem "apenas" platónicos. É preciso deitá-los "cá para fora" para para que o universo te possa ajudar a concretizá-los. É preciso sonhar acordado, com os pés bem assentes na terra, mas dar largas à imaginação. É preciso semear o sonho em terreno fértil, escrevê-lo, rabiscá-lo, projectá-lo, fazer listas de etapas para o concretizar se preciso. É preciso deitá-los cá para fora. Os sonhos são de todos. O teu sonho, não muda só o teu mundo, muda o de todos à tua volta. Por isso, visualiza, imagina, escreve, desenha, rabisca, deita-o cá para fora. 

Eu tenho vários sonhos. Mas muitos ainda estão só comigo. Por isso é que acho que ainda não se concretizaram. Outros que partilhei acabaram por acontecer, e tem sido mágico vê-los a evoluírem. 

Em Buenos Aires, fiz um ritual japonês, no Jardim Japonês. 



Um origami, um desejo. De certa forma os desejos, secretamente estão recheados de esperança, ainda que olhemos para eles como um ritual, algo mágico e fora do nosso alcance. O meu, um dia depois de realizado, conto-vos qual foi!



Quanto aos origamis, mais uma vez, tive uma sorte descomunal, porque na semana passada estava precisamente a decorrer o Festival da Cultura Japonesa no Jardim Japonês, em Buenos Aires. Entrámos naquele paraíso nipónico às 14:45 e às 15:00 tinha inicio um workshop de origamis!






Esta arte milenar de dobrar o papel com o fim de representar seres ou objectos através das dobras geométricas de uma peça de papel, sem cortá-la ou colá-la teve supostamente a sua origem na China, onde o fabrico de papel era abundante (os registos históricos não são claros). ORIGAMI é uma palavra japonesa composta do verbo dobrar (折り=ori) e do substantivo papel (紙=kami). Significa literalmente, "dobrar papel".





Ora neste workshop com a professora Lucia da Costa, para além de aprendermos a fazer um origami alusivo ao Natal, tive a oportunidade de ver uma exposição fantástica de alguns artistas dedicados a esta arte! 


Aqui ficam algumas ideias de decoração para o vosso Natal, ou inclusive de presentes que apenas precisam de papel, paciência e muito carinho! 





Onde fazer workshops de Origamis em Lisboa:



Esta é uma arte extremamente contemplativa, que se inspira na natureza para reprodução em papel. O que eu senti com este workshop, é que facilmente com uma folha de papel, é possível absorver-nos tal na tarefa de concretização de um origami, que rapidamente o processo se transforma numa meditação. Se forem atrevidos como eu, pesquisem online como fazer algumas figuras, e vão ver que não é dificil! 


terça-feira, 9 de dezembro de 2014

#13 Como observar borboletas de perto?




Já aterrei em Lisboa há 3 dias, mas ainda tenho muitas histórias para contar de Buenos Aires e não quero que passe muito mais tempo sem as escrever, porque vão-se tornando cada vez menos nítidas para o coração. 

Como já disse num post anterior, um dos símbolos que associo a esta viagem à Argentina, são as borboletas, ou mariposas, em espanhol.

Os dias em Buenos Aires, foram deveras intensos, com horas e horas de experiências novas, que faziam os dias parecerem semanas e perder a conta da cronologia toda do dia. "Foi ontem? Ah, foi hoje de manhã?! Não, foi ontem à noite?!"

No último dia que estive em Buenos Aires, quis aproveitar ao máximo para conhecer a zona de jardins, perto do bairro de Palermo. Apanhámos o Subte, o meio de transporte equiparado ao metro na Argentina e rumámos para o lado oeste da cidade, em direção à Plaza de Itália. Aqui localiza-se o Jardim Botânico Carlos Thays de Buenos Aires



O Jardim Botânico de Buenos Aires, tem entrada gratuita e na altura estava a sofrer algumas obras. Aproveitámos para circular pelos caminhos entre a vegetação e encontrámos um Jardim de Mariposas. Quando estávamos precisamente à entrada do jardim, a espreitar o que seria aquele canto, uma menina com olhos de borboleta, sorriso gigante e de uma presença inesquecível pela forma como se expressava o seu entusiasmo pela ponta dos pés, convidou-nos a fazer parte de uma tour muito especial: a tour no Jardim das Mariposas!



Ora e nesta visita guiada pela Soledad, a jardineira coordenadora deste projecto que nasceu há cerca de 2 anos explicou-nos cada detalhe do ciclo de vida das borboletas. Tivemos oportunidade de observar ovos, larvas, e adultos de várias espécias de borboletas. 



A Soledad também nos explicou que cada vez observamos menos borboletas por causa das condições desfavoráveis do meio em que circulamos: poluição, ruído, falta de alimento. 



Para observar as borboletas é preciso paciência, é uma arte que apesar de activa tem muito de contemplação e existem algumas regras:

- deve mover-se lentamente e se possível, aproximar-se por detrás,

- evitar que a sua própria sombra se cruze com a borboleta, o que provoca uma mudança brusca de iluminação e assusta,

- manter uma distância de 2 metros. Se poder, use binóculos para uma observação mais detalhada,

- falar em tom baixo,

- agachar-se enquanto as observa, para evitar que a sua silhueta limite o espaço.

Ao longo dos últimos dois anos, este jardim ao cuidado da Soledad, da sua equipa de colaboradores e voluntários, que cuidam deste espaço, têm vindo a observar um crescimento acentuado da visita de borboletas e do nascimento de novas.

Estes seres que nos podem parecer tão insignificantes, são importantes indicadores do estado do ambiente, para além de cumprirem um importante papel como polinizadoras. Têm uma relação muito estreita com a flora, e algumas plantas nativas de Buenos Aires que já existiam por ali eram só por si atractores de borboletas. 




Foi um prazer conhecer esta "guardiã de borboletas" no centro de Buenos Aires. Renovou-me a esperança nestas pessoas que se entusiasmam com acontecimentos que nos podem parecer tão banais como o nascimento de borboletas.




E querem saber da cereja no topo do bolo? A visita só se realiza uma vez por semana, às sextas-feiras, ao 12:00: precisamente a hora em que passávamos ali por acaso. É que cada vez mais não acredito em eventos aleatórios. 

Fazendo uma investigação rápida deixo aqui algumas dicas de que plantas atraem borboletas e como cultivar o seu próprio jardim de borboletas, em sua casa!

Para mim a borboleta é sem dúvida um símbolo de transformação que necessariamente precisa de ser preservado! Vamos cultivar jardins de borboletas em nossas casas?

***

Soledad, esto es para tí! Beso!

Ya he llegado en Lisboa hace tres días, pero todavía tengo muchas historias que contar de Buenos Aires y no quiero que pase más el tiempo sin escribir porque se están volviendo cada vez más borrosa en el corazón.

Como dije en un post anterior, uno de los símbolos que asocio a esta viaje a Argentina, son las mariposas.

Los días en Buenos Aires, eran realmente intensos, con horas y horas de nuevas experiencias que hicieron los días parecen semana y pierden el recuento de toda la cronología del día. "Fue ayer? Oh, fue esta mañana?! No, fue por la noche?"

En el último día que estuve en Buenos Aires, he querido aprovechar al máximo para conocer la zona de jardíns, cerca del barrio de Palermo. Tomamos el metro y nos dirigimos hasta el lado oeste de la ciudad, para la Plaza de Italia. Aquí se encuentra el Jardín Botánico Carlos Thays de Buenos Aires.

El Jardín Botánico de Buenos Aires, tiene entrada gratuita y en ese momento estaba experimentando algunas obras. Nos llevamos a recorrer los senderos entre la vegetación y encontramos uno Jardín de Mariposas. Cuando estábamos precisamente a pasar en la entrada del jardín, mirando lo que sería una de las esquinas, una chica con ojos de mariposa, sonrisa gigante y una presencia inolvidable por la forma en que expresa su entusiasmo por los pies, nos invitó a ser parte de una visita muy especial: un recorrido en el Jardín de las mariposas!

En esta visita guiada, Soledad, la jardinera coordinadora de este proyecto que nació hace dos años, nos explicó todos los detalles del ciclo de vida de las mariposas. Tuvimos la oportunidad de observar los huevos, larvas y adultos de varias especias de mariposas.

Soledad también nos explicó que cada vez vemos menos mariposas, debido a las condiciones desfavorables del entorno en el que circulan: la contaminación, el ruido, la falta de alimentos.

Para observar las mariposas se necesita de paciencia, es un arte que, aunque activa tiene un montón de contemplación y hay algunas reglas:

- mover se lentamente y si es posible acercándose por detrás,

- evite que su propia sombra se cruza con la mariposa, lo que provoca un cambio brusco de iluminación y sustos,

- mantenga una distancia de 2 metros. Si puede, use binoculares para ver de cerca,

- habla en voz baja,

- mientras que las observas, para mantener su silueta limitar el espacio.

Durante los últimos dos años, este cuidado jardín de Soledad, su equipo de colaboradores y voluntarios, que se ocupan de esta área, han estado observando un fuerte crecimiento de la visita de las mariposas y el nacimiento de otros nuevos.

Estos seres que nos puede parecer tan insignificantes, son importantes indicadores del estado del medio ambiente, además de cumplir una función importante como polinizadores. Tienen una relación muy estrecha con la flora, y algunas plantas nativas de Buenos Aires han existido durante hubo atractores solos de mariposas.

Fue un placer conocer a esta "guardián de las mariposas" en el centro de Buenos Aires. Renovada mí Espero que estas personas que son excitados por los acontecimientos que pueden parecer tan mundano como el nacimiento de las mariposas.

Y usted sabe la guinda del pastel? La visita se realiza sólo una vez por semana, los viernes, a las 12:00: precisamente por la hora que pasamos allí por casualidad. Es cada vez más no creen en sucesos aleatorios.

Para mí, la mariposa es sin duda un símbolo de la transformación que necesariamente tiene que ser preservado! Cultivemos jardines de mariposas en nuestros hogares?




terça-feira, 2 de dezembro de 2014

#12 Aprender Tango argentino em Buenos Aires


Só me posso sentir uma priviligiada. Sim é verdade, estou a aprender a dançar tango e no seu país de origem. Que mais poderia eu querer? Devo confessar que aqui na Argentina, as viagens de um lado para o outro esgotam-me. 


Esgotam-me no sentido de ter de estar quieta e sentada dezenas de horas seguidas....sem poder fazer grande coisa para além de apreciar a paisagem, ir lendo alguma coisa ou comer... Isto dá muiiiiiiitooo tempo para pensar em coisas que não interessam, lembrar outras e projectar mais algumas. Eu preciso de me mexer, sentir o corpo em ação, e se há coisa que me esvazia a cabeça de tudo o que não devo pensar, é a dança! 

Hoje cheguei às 8:00 da manhã a Buenos Aires e estive a checar no email as sugestões do querido Juan Cavia que ainda não tive oportunidade de conhecer pessoalmente mas que o Filipe Melo fez questão de nos pôr em contacto. Só tenho a agradecer muitíssimo por tal, aos dois! Fui visitar a La Catedral e fiquei fascinada! Mais do que uma escola de Tango é um destino de culto desta dança!


Quem me recebeu foi o senhor gato! Cheguei antes da hora, ansiosa por começar. O espaço impressionou- me logo pela positiva! 


Para quem conhece bem Lisboa posso fazer um paralelismo com a Taberna das Almas ali nos Anjos, mas só dedicada ao ensino do Tango, espectáculos, milongas e tertúlias à volta desta arte. 



Os professores eram um casal fantástico, com uma química muda entre eles que contagiava qualquer voyeur. Por incrível que pareça, ao contrário de Portugal eu era a única mulher! Ahaha mais homens do que mulheres numa aula de dança para mim foi inédito! Fui a sortuda por poder dançar com vários colegas! 




Deixei-me ir completamente no momento e fui arrastada para uma dança meditativa. Percebi que vários tipos de dança podem ter diferentes efeitos em mim:

- danças europeias: diversão e sintonia
- tap dance: coordenação e movimento 
- kuduro: enraizamento e conexão 
- dança livre: harmonia 
- tango: sensualidade e relação 

Mas todas, todas sem uma excepção me provocam um grande bem-estar! O meu problema como diz o Chico é que quero fazer tudo ao mesmo tempo e depois não me dedico a nada em concreto..vocês também pensam que não nos podemos dedicar a mais do que uma paixão de cada vez? Paixão... Porque amor, para mim esse é um de cada vez.


E amanhã vou dançar Rock n'Roll! Me aguardem!

La Catedral
Rua Sarmiento, 4006 Buenos Aires

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

#10 Voar de balão de ar quente





Não sei se já repararam mas a imagem de marca que a minha querida Alexandra, A Grande desenhou para o meu blog, foi precisamente um balão de ar quente. Qual não é o meu espanto quando me chega à caixa de email do trabalho um press release de um festival alusivo precisamente a esta prática, na semana entre 10 a 16 de Novembro. Sendo que tive oportunidade de ir fazer reportagem através do Guia da Cidade, agarrei em mim e na Débora e rumámos na passada quarta-feira até ao Alto Alentejo.



Tenho de referir que este dia reunia nele próprio vários eventos que eu queria simplesmente deixá-los ir para fora da minha cabeça. Voar de balão, pareceu-me o melhor antídoto possível para escorraçar qualquer tipo de preocupação da minha mente, afinal se caísse não haveria tempo nem para pensamentos, nem para mais nada! 

O facto é que às 10:30 em ponto estava eu à porta de casa da Débora que desceu apressada e ainda de cabelo molhado. Esbaforida da pressa, bem queria abrir o vidro do lado pendura, mas este emperrado não deixou nenhuma brisa passar. Estava um belo dia de São Martinho em atraso. Sol, céu azul e chuva à distância era o que nos caía bem!

"Ora se está assim em Lisboa, em Monforte ainda estará melhor!" E lá nos pusemos a caminho, numa viagem de três horas até ao Torre de Palma Wine Hotel, o ponto de encontro com o pessoal da Publibalão em Monforte, Alto Alentejo. Devo dizer que a viagem foi recheada de peripécias que nos fizeram libertar uma qualidade de riso tal, que as dores de abdominais ressentiram-se e lágrimas de alegria escorreram. Ele eram pequenos-almoços com preço de almoço nas estações de serviço, uma inversão de marcha arrependida à bruta, um perder para nos encontrarmos em pleno Alentejo, no meio de nenhures, onde tão bem nos sentimos e com tão pouco, fomos genuinamente felizes.

Débora: "Vai por ali, baby! No GPS diz que é por aqui."
Eu: "Mas olha que eu vi uma placa a dizer Palma qualquer coisa lá atrás, tens a certeza?"
Débora: "Sim,sim. Aqui diz que é em frente!"
Chandi: "Mas porque é que as pessoas agora confiam mais nos GPS's do que nas pessoas?" lol



Algumas poças depois e nada de hotel no horizonte, decidimos voltar atrás e depois de alguns carrocéis, demos com o bendito ponto de encontro. Com tanta coisa, e com os gastos no "pequeno-almoço com preço de almoço", acabamos por não comer nada e chegámos esganadas ao pé da Mafalda, a nossa anfitriã. Sorte: tínhamos almoço à nossa espera. 


Mafalda Soares

Um belo peixe gourmet xpto e um puré de batata e beterrada a acompanhar. A comer rapidamente, sem dar tempo de saborear o Panacotta com frutos silvestres, fomos logo chamadas para ouvir Aníbal Soares a anunciar o CANCELAMENTO DOS VOOS! Sim, leram bem: cancelamento. Foi nítido, nós duas tentámos disfarçar uma para a outra a nossa desilusão...mas por dentro estavamos mesmo desanimadas por achar que a nossa viagem atribulada tinha sido em vão...




Enquanto tentávamos encontrar outras "janelas" naquela situação, que até tinha algumas fáceis de descobrir: afinal a paisagem alentejana só por si basta para animar alguém, diz-nos um colega de imprensa: "Ah, mas vocês não se preocupem. Para a comunicação social há sempre lugar!". Ora eu não sabia se havia de ficar feliz ou aflita: bolas os voos são cancelados por motivos de segurança e nós voamos na mesma? Ahahah, pois. Isso mesmo.




Mas tranquilizem. Ninguém é louco. E toda a gente sabe muito bem o que faz. Falei com o Aníbal, o organizador do Festival Rubis Gáz Balões de Ar Quente que me explicou que os voos tinham sido cancelados pelas condições do piso, que estava molhado e lamacento. Ora num voo pelas 16:00 que deve demorar cerca de uma hora, para os carros de resgate (sim chamam-se mesmo assim e eu fiz a mesma expressão que vocês se não conheciam) irem buscar todos os balões tornava-se numa demanda épica de balões ao escurecer, correndo ainda o risco de os balões ou de as carrinhas se "atascarem" como eles dizem!



Então, segundo Aníbal, apenas os pilotos mais experientes e antigos voavam. Queriam-nos pôr com um piloto militar, que era só o mais maluco e da última vez que um colega andou, travaram o andamento do balão numa copa de uma árvore. A Débora prontificou-se logo a dizer que com ele não ia, e acabámos por voar pelas mãos do Oscar Ayala, um piloto super experiente, com rugas de tensão por pôr sempre o bem-estar dos terceiros à frente de tudo o resto. Que isto de andar de balão parece tudo muito bonito e pouco arriscado, mas o facto é que uma má aterragem pode dar muito para o torto.




Foi interessante que o mais me assustava era aterrar. Será que tenho essa dificuldade? De aterrar? Será que gosto mesmo é de andar nas alturas, a observar a realidade de longe?






Enfim. Engraçado que toda a logística para insuflar o balão é como assar castanhas: tem que se ter calma, paciência e vontade que saia tudo bem! É como os preliminares, preparam a cama para todo o voo correr o melhor possível. Então a subida para o balão foi do mais divertido possível: sim é que trepa-se, sim trepa-se literalmente para dentro do cesto do balão que já está em andamento para cima!

Libertando o cabo de aço que prende a estrutura do balão ao jipe, é só desfrutar. A subida é rápida mas suave. Decidida mas gentil, dando-nos tempo suficiente para nos habituarmos à nossa nova condição "lá em cima". 



O que foi um voo completo de cerca de uma hora, pareceu-nos um jacto de 15 minutos e nós só queríamos era continuar por mais umas boas horas a pincelar o céu com a cor do nosso balão e dos nossos sonhos.

E aqui mais uma vez aprendi que não vale a pena ter medo. Tinha medo de uma aterragem brusca, assim como tantas vezes projeto e tenho medo de outro tipo de "aterragens na vida". O que é certo é que chegamos ao momento e as aterragens às vezes são tão suaves quem nem damos por elas, e isso é porque ganhamos uma força extra que não sabemos muito bem de onde vem. 

Voar de balão. Mais um desafio superado. E as preocupações que me assolavam a cabeça varreram-se num dia recheado de emoção. 

"Quando chegares lá, logo vês. Agora preocupa-te com o agora."




Artigo Guia da Cidade. 
Fotografia de Débora Ribeiro

Antes de Começar



"Se alguma coisa te apaixona, se um amor fervilha dentro de ti, tu vais ter que  te mexer."

Esta foi a ideia principal que retirei da peça que fui ver ontem ao Chapitô: um clássico de Almada Negreiros: Antes de Começar.

O BONECO - Por mais depressa que passes, o teu coração espera por ti... o teu coração não espera mais ninguém... Se tu não vieres, o teu coração não espera mais ninguém... Se tu não vieres nunca, o teucoração não conta, não ouve. É como se não tivesse havido coração.Por mais depressa que passes, dá-te inteira ao teu coração... Porque só sabe do tempo quem não traz coração... o tempo é pecado de quem não sabe amar!!!


Antes de subir a cortina do palco da nossa vida, é preciso anunciar o espectáculo. É preciso mexer-nos em busca do que nos apaixona, dar as pancadas de Moliére como impulso à corrida em direção dos nossos sonhos. 

Antes de Começar fez-me viajar por memórias e desejar ser menina outra vez. Ser da idade dos meninos que "fazem" os bonecos. 

Antes de Começar, uma peça que vou ver num novo recomeçar. 

A magia dos bonecos de Almada que ganham vida própria estará em cena na Tenda do Chapitô até dia 14 de Dezembro, aos fins-de-semana, às 17:00.

Um acolhimento Chapitô com produção Companhia da Esquina, com Pedro Martinho, Daniel Seabra e Sandra Gameiro.







O BONECO - Por mais depressa que passes, o teu coração espera porti... o teu coração não espera mais ninguém... Se tu não vieres, o teucoração não espera mais ninguém... Se tu não vieres nunca, o teucoração não conta, não ouve. É como se não tivesse havido coração.Por mais depressa que passes, dá-te inteira ao teu coração... Porque
só sabe do tempo quem não traz coração... o tempo é pecado de
quem não sabe amar!!

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Lembras-te?



Lembras-te de quando levavas no coração a esperança de um bebé acabado de vir ao mundo? 

Lembras-te de como olhavas para tudo com um brilho tão grande nos olhos que quase ofuscavam o que miravam como duas estrelas?

Lembras-te de como sorrias sem nenhum peso do passado ou futuro?

Lembras-te da leveza que era sentir que tínhamos uma vida pela frente?

Lembras-te de quando me agarravas pela mão e me mostravas com orgulho a terra que era tão tua?

Lembras-te de como me aconchegavas no teu peito e o teu coração batia como um tambor nas minhas costas?

Lembras-te de como arriscamos ser insanos e sem nos conhecermos confiarmos totalmente um no outro?

Lembras-te de como era ter um porto de abrigo? Um aconchego? Uma casa num todo?

"Não. Não me lembro. Não me quero lembrar."

Nós temos a vida de que nos lembramos. Nós vivemos a vida que fazemos. Eu lembro-me de tudo isso e muito mais. Tudo era imperfeito com a beleza natural de ser isso mesmo. Tudo era imperfeito e encastrado num diamante em bruto à espera de ser lapidado por uma dupla de trabalhadores dedicados, esforçados, com a convicção de que poderiam lapidar o melhor diamante jamais lapidado. 

Pelo menos...o melhor para eles os dois.





#9 Descobrir Monsanto como uma outsider


Ontem foi dia de ir fazer mais uma reportagem. Esta semana foi a vez de Monsanto, afinal este parque natural fez no passado dia 1 de Novembro, 80 anos! 

A verdade é que apesar de já estar ali à mão de semear há tanto tempo, poucas foram as vezes em que me aventurei a descobrir as entranhas de Monsanto. Ora ontem tive oportunidade de tirar a barriga de misérias e foi como entrar num "stargate" da realidade cosmopolita directamente para o campo. É que se não fosse o ruído dos aviões e do trânsito lá ao fundo, não diria estar no centro de Lisboa.



Fui cumprimentada por esquilos brincalhões, borboletas exóticas e até por uma senhora que cantarolava o que me pareciam ser algumas preces, perto do Moinho das 4 Cruzes, de onde se apontava uma vista soberba sobre a cidade, isto claro, se não quisermos esquecer onde estamos. 



Monsanto surpreendeu-me deveras pela positiva: podia ser o meu quintal gigante, assim à minha beira. Outra descoberta, foi o Bairro da Serafina. Sim dizem que é pobre, mas mais mimoso não existe. Casinhas de bonecas encostadas ao pinhal de Monsanto. O que se pode querer mais, para quem ambiciona o melhor dos dois mundos: cidade e natureza?

- Trilhos para calcorrear,
- pista do Aqueduto por descobrir, 
- uma parede de escalada para me iniciar,
lombas para principiantes de bicicleta, 
- máquinas para exercitar o corpo, 
- animais para estabelecer novas amizades 
- e muitos outros desafios esperam por mim, neste pulmão natural no centro da capital!

Como é bom permitir-me ter um olhar de "estrangeira" para estes pequenos grandes prazeres, aqui tão perto de mim. 

Como é bom ter ainda tanto por descobrir e poder renovar incessantemente a minha capacidade de olhar para tudo como novo e motivo de "alegria".

Como é bom ter um olhar de "outsider" por mais dentro que esteja de determinada situação.

Estas e outras descobertas hoje.

Artigo detalhado na Magazine do Guia da Cidade aqui.